Nesta quinta-feira (02), Dia Internacional da Prostituta, profissionais do sexo no Piauí dizem não ter motivos para comemorar. Reclamam da violência, do abandono, da falta de assistência do poder público, da fome, da inflação e da crise econômica.
M.A.S
se assume como prostituta. Tem 42 anos e está "nessa vida" há mais de
20 anos. Diz que ela e as colegas sofrem todo tipo de discriminação e
dificuldades para sobreviver. "Ninguém se preocupa com a gente. Não querem
saber se temos fome, frio ou doença. É como se não fosse gente", diz
amargurada.
Nascida
no bairro Matadouro, em Teresina, M.A.S frequenta um velho prostíbulo que fica
em frente a um posto de combustíveis numa das esquinas da Praça Saraiva, a
menos de 100 metros da Avenida José dos Santos e Silva, na Zona Sul da cidade.
Arredia
e um tanto debochada, M.A.S aparenta ser uma mulher mais idosa e não se deixa
fotografar. Diz ter vergonha do que faz pra sobreviver e da vida que leva. Ela
conta que durante a pandemia a situação financeira dela e das colegas piorou
demais.
"Essa
Covid acabou com tudo. Ninguém ganhou nada. A gente não tinha nem o que comer e
vivia da caridade das pessoas. Várias colegas morreram sem assistência
nenhuma", lamenta. As prostitutas realmente não tem nenhuma assistência
real do poder público no Piauí.
M.A.S
não sabe explicar ou esconde os motivos pelos quais foi parar na prostituição.
Ela se limita a dizer que a mãe foi embora com um irmão porque o pai era
alcoólatra e violento. "Ele me batia ai eu sai de casa e cai na vida. Eu
era muito nova. Fui ficando com um e com outro e acabei me acostumando",
diz.
Ela
estudou até o primeiro ano do ensino médio, não tem filhos e afirma que não tem
quem consiga acabar ou esconder a prostituição porque ela está por toda parte.
"Não tem puta só no cabaré não. Tem no mundo todo. Tem muitas nos
shopping, nas faculdades, nos bares e nos restaurantes. As esquinas estão
cheias gays e mulheres prostitutas", garante.
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