A Arquidiocese de Teresina divulgou, na última sexta-feira (11), uma nota de esclarecimento à comunidade católica, alertando os fiéis sobre a atuação de pessoas e grupos religiosos que, apesar de utilizarem símbolos e nomes semelhantes aos da Igreja Católica, não estão em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana.
No comunicado, a Arquidiocese reforça seu compromisso com a integridade da fé e com a orientação pastoral correta. A nota chama atenção para a validade dos sacramentos e orienta que fiéis tenham cuidado com celebrações religiosas realizadas fora da jurisdição canônica da Igreja, por não terem reconhecimento da Sé Apostólica. Confira a nota na íntegra ao fim da reportagem.
“A Igreja Católica nutre sincero respeito pelas várias tradições e denominações religiosas. Mas é sua obrigação esclarecer que algumas denominações, embora se apresentem como católicas, não mantêm comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana”, diz o texto.
O documento menciona especificamente dois nomes: Antônio Marcos Morais, ex-sacerdote dispensado da ordem sacerdotal e desligado da Arquidiocese de Teresina, e José Dutra Fonseca Baião, suspenso do exercício ministerial sacerdotal pela Diocese de Bom Jesus do Gurgueia. Ambos, segundo a nota, estão promovendo celebrações em outra denominação dentro do território da Arquidiocese de Teresina.
A Cúria reforça que tais atos religiosos não possuem legitimidade nem validade sacramental conforme os preceitos da doutrina católica, e que esses grupos não seguem o Código de Direito Canônico nem estão sob a autoridade do Papa e dos bispos em comunhão com ele.
“Exortamos todos os fiéis a buscarem o discernimento e a confirmarem a legitimidade das instituições religiosas, procurando sempre a orientação dos seus párocos e da própria Arquidiocese de Teresina”, afirma o texto assinado por Dom Juarez Marques Sousa da Silva, Arcebispo Metropolitano de Teresina, e pelo diácono Roberto Caminha Cavalcante, chanceler da Cúria.
Padre afastado em Bom Jesus
O padre José Dutra, citado na nota, foi suspenso pela Diocese de Bom Jesus em maio deste ano. Na ocasião, o religioso alegou que vinha enfrentando dificuldades com o bispo diocesano Dom Marcos Antonio Tavoni, e que não encontrava mais espaço para continuar seu ministério na região.
Com 32 anos de sacerdócio, Dutra afirmou ter passado por várias dioceses fora do Piauí e disse ter enfrentado problemas institucionais, críticas e falsas acusações, incluindo uma denúncia de assédio sexual, que, segundo ele, não foi comprovada. Após sua saída, o padre anunciou que está em processo de ingresso na Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB), denominação sem vínculo com o Vaticano.
“Busquei refúgio na ICAB porque desejo ser padre e amo o sacerdócio”, declarou em mensagem enviada à população de Bom Jesus, sua terra natal.
Na nota da Diocese de Bom Jesus, a instituição informou que o afastamento do padre foi precedido de ações de acompanhamento, como auxílio psicológico e retiro espiritual. A Diocese também afirmou que irregularidades no ministério do padre vinham sendo acompanhadas há algum tempo, mas optou por não detalhar as ocorrências por “reservas pessoais”.
Dispensa do padre em Teresina
O Cidadeverde.com procurou a Arquidiocese de Teresina para saber o motivo da saída do Antônio Marcos Morais. Em nota, a Arquidiocese informou que, após a conclusão de processo administrativo canônico e com autorização do Dicastério para a Doutrina da Fé, ele foi dispensado do estado clerical, em conformidade com as normas do direito da Igreja.
Ainda segundo a Arquidiocese, por se tratar de um procedimento regido por confidencialidade, não serão divulgadas informações adicionais. A decisão, conforme a nota, está amparada no Acordo entre a Santa Sé e a República Federativa do Brasil (Decreto nº 7.107/2010), que reconhece à Igreja o direito de aplicar seu ordenamento jurídico aos membros.
Igreja Católica Apostólica Brasileira se manifesta
Após a publicação da nota da Arquidiocese de Teresina, a Missão Piauí da Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) encaminhou um posicionamento ao cidadeverde.com em que defende a atuação de seus sacerdotes. A ICAB ressalta que é uma instituição religiosa legalmente constituída, com liturgia própria e autonomia em relação ao Vaticano. Confira a íntegra da nota enviada pela Missão Piauí.
Fonte: Cidadeverde.com
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